Em 4 de maio de 2006 a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Sanguessuga
para desarticular o esquema de fraudes em licitações na área de saúde.
De acordo com a PF, a quadrilha negociava com assessores de
parlamentares a liberação de emendas individuais ao Orçamento da União
para que fossem destinadas a municípios específicos. Com recursos
garantidos, o grupo – que também tinha um integrante ocupando cargo no
Ministério da Saúde – manipulava a licitação e fraudava a concorrência
valendo-se de empresas de fachada. Dessa maneira, os preços da licitação
eram superfaturados, chegando a ser até 120% superiores aos valores de
mercado. O “lucro” era distribuído entre os participantes do esquema.
Dezenas de deputados foram acusados.
Segundo a Polícia Federal, a organização negociou o fornecimento de
mais de mil ambulâncias em todo o País. A movimentação financeira total
do esquema seria de cerca de R$ 110 milhões, tendo iniciado em 2001. Na
operação foram presos assessores de deputados, os ex-deputados Ronivon
Santiago e Carlos Rodrigues, funcionários da Planam (empresa acusada de
montar o esquema de superfaturamento e pagamento de propinas) e a
ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino. O grupo ficou
conhecido como a “máfia das ambulâncias” ou também “máfia dos sanguessugas”.
A “máfia das ambulâncias” teve sua origem na gestão do então Ministro
José Serra e permaneceu em atividade nas gestões de Barjas Negri (ambos
do governo FHC), Saraiva Felipe e Humberto Costa (ambos do governo
Lula) quando este foi alertado pela CGU em 30 de novembro de 2004. As
especulações sobre as responsabilidades dos ministros no episódio
tornaram-se importante componente da disputa eleitoral de 2006, em
função das candidaturas a governador de José Serra, em São Paulo, e
Humberto Costa, em Pernambuco. Especulações e ataques foram desferidos
contra ambos e têm tido constante presença nos debates políticos destas
eleições.
Vídeos e fotos em que Serra aparece junto com vários deputados
incriminados no esquema distribuindo pessoalmente as ambulâncias e
agradecendo o empenho destes nas emendas, uma reportagem da IstoÉ com
depoimento dos Vedoin, fotos diversas e reportagens do Correio
Brasiliense, mostrando um ofício do Secretário Executivo do Ministério
da Saúde, na gestão Serra, determinando ao Fundo Nacional de Saúde para
“providenciar o empenho e elaboração do convênio”, além da ligação de
Serra com “Platão Fischer Pühler”, este figura central de outro
escândalo, o dos vampiros, podem arranhar sua imagem e arrastá-lo para o
centro das polêmicas.
Duas ambulâncias apreendidas após a Operação Sanguessuga da Polícia Federal que estavam há mais de um ano sem uso serão doadas a dois hospitais públicos de Salvador. Os veículos, que tiveram a compra superfaturada em um esquema ligado à chamada máfia dos sanguessugas, foram encontrados em 2008 em um terreno baldio no bairro de Mata Escura, na capital baiana. Desde então, estavam encostados no pátio do Detran.
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