sábado, 11 de outubro de 2014

Histórias vividas com Chico Xavier - Espíritas de Campinas relembram

Fernando Pacífico

Do G1 Campinas e Região

Pai de médico que trabalha em Campinas construiu casa para o médium.
A ciência não consegue explicar tudo (Nubor Facure)

Advogada guarda carta psicografada desde 1974 após morte de irmão.

Sueli exibe primeira carta psicografada que recebeu de médium, em 1974   (Foto: Fernando Pacífico/ G1)


Esperança e caridade são palavras que se confundem a trajetória de Chico Xavier, líder espírita cuja morte completa dez anos neste sábado (30). Em Campinas (SP), ele é lembrado por quem recebeu cartas psicografadas como resposta a momento de dor, além de ter acompanhado peregrinações e se dedicado aos estudos da religião.
A fé da advogada Sueli Presente, de 64 anos, é documentada desde o dia 15 de março de 1974.  Na ocasião, ela recebeu a primeira mensagem escrita pelo médium, que teria sido ditada pelo irmão Jair Presente, de 23 anos na época, morto no mês de fevereiro daquele ano após parada cardíaca durante visita à Praia Azul, na cidade de Americana (SP).
"Momento inesquecível de alegria, emoção, banhada pela benção das lágrimas... Indefinível", descreve Sueli sobre a carta. O irmã dela cursava o 4º ano da Faculdade de Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) quando faleceu. "Peço-lhes calma, coragem. Não pensem que desapareci para sempre. Lembrem-me estudando e não morto, porque a vida não admite a morte", diz a mensagem.
Sueli conta que a autenticidade das mensagens não está na grafia, mas em gírias e conteúdo que somente a família e amigos íntimos poderiam reconhecer. “Em uma das mensagens ele pede para que eu continue a montar a árvore de Natal. Quando criança, lhe dei uma bronca ao desmontá-la durante um tombo", explica emocionada.
O conforto gerado pelas cartas incentivou os pais de Sueli a praticarem caridade em bairros da periferia de Campinas. “Minha mãe começou a servir sopa em bairros pobres, fazer roupinha de crianças, enquanto meu pai ajuda a organizar a fila", explica. A família que, até então, era católica passou a seguir o espiritismo, sobretudo quando as mensagens deram origem aos livros Loja de Alegria, Jovens no Além e Somos Seis. "Chico Xavier permanece vivo em minha memória e coração", resume a advogada.
Perfume de rosas
Professor titular de neurologia e neurocirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) durante 30 anos, o médico Nubor Facure, de 72 anos, conheceu o médium durante a juventude.

"Ele possuía uma luz extraordinária", diz médium (Foto: Reprodução/TV Integração)Médium morreu no dia em que o Brasil venceu a Copa do Mundo (Foto: Reprodução/TV Integração)

O primeiro encontro com Chico ocorreu em 1958, quando ele iniciava sua mudança para Uberaba (MG). Meu pai ajudou a construir a casa dele, o que facilitou nosso contato”, conta o médico. Sobre os benefícios entre aliar a profissão à religião, Facure pondera. "Sempre fui mais um espírita médico, do que um médico espírita. Meus pacientes sabem que amigavelmente discuto com eles, mas sem nunca ter-lhes proposto que mudem de religião. A ciência não consegue explicar tudo", diz o neurologista.Dentre as memórias guardadas com apreço, o médico cita as peregrinações noturnas para doação de alimentos, além da personalidade do líder espírita. “Durante a construção da casa, o lugar ainda era pouco habitado. Por isso, o Chico reunia os pedreiros ao fim do dia para que voltassem juntos. Nisso, ele chamava meu pai, pedia seu lenço e o apertava por instantes, deixando-o impregnado com um perfume de rosas. Dizia que era para entregar à minha mãe”, lembra entusiasmado. 
A irmã de Nubor, Glenda Facure, de 74 anos, possui acervo composto por livros, revistas e fotos que mostram a presença de celebridades ao lado do médium, como a atriz atriz Vera Fischer e a jornalista Glória Maria. Uma das imagens favoritas é escolhida pelos detalhes. "Os sorrisos e a sensação de paz", pondera sobre a entrega de um buquê de flores ao médium.

Homenagens
Para homenagear os 100 anos do nascimento do cidadão mais conhecido de Pedro Leopoldo (MG), a administração municipal inaugurou em abril de 2010 a praça Francisco Cândido Xavier, na Avenida Faria Lima, próxima ao Hospital Mário Gatti.


O médium morreu aos 92 anos, cego de um olho e debilitado por problemas no coração e nos pulmões. No mesmo dia, o Brasil venceu a Alemanha com dois gols do atacante Ronaldo e conquistou a quinta Copa do Mundo. "Chico dizia que morreria num dia em que o povo brasileiro estivesse muito contente", lembra Sueli.
Em 29 de junho de 1972, Chico Xavier recebeu o título de Cidadão Campineiro ‘pelos relevantes serviços prestados a cidade no setor filosófico, espiritual e cultural’. Coordenadora de estudos do Centro Espírita Alan Kardec há 54 anos, Therezinha Oliveira, de 81 anos, faz questão de lembrar a visita, quando o médium recebeu pelo menos 3 mil pessoas que desejavam cumprimentá-lo. “A fila dava volta no quarteirão. Ele fazia questão de se curvar e entregar uma rosa para cada pessoa”, lembra Therezinha.(já desencarnada)

Nubor Facure, Glenda Facure e Therezinha de Oliveira (Foto: Fernando Pacífico/ G1 Campinas / Arquivo Pessoal)

Therezinha (à esq.), Glenda (à dir) e Nubor Facure (Fotos: Fernando Pacífico / G1 e Arquivo Pessoal) 30/06/2012 10h21 - Atualizado em 30/06/2012 11h59 

Materia do G1 Campinas - SP


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