"Chantagista", "prevaricador" e "sem moral". Esses foram alguns
termos usados pelo senador Fernando Collor (PTB-AL) para definir o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, durante seu discurso na
eleição que escolhe o presidente do Senado. A fala de no máximo cinco
minutos foi tomada de ataques ferozes a Gurgel. "O procurador é um
chantagista, um prevaricador", criticou Collor, na manhã desta
sexta-feira. "Ele não tem moral para mover qualquer ação contra alguém",
acrescentou.
O senador do PTB defendeu a candidatura do peemedebista à presidência
da Casa. "A eleição de Renan Calheiros será uma afirmação do que é o
Senado Federal". Em sua fala, ele se referiu à denúncia apresentada pela
Procuradoria-Geral da República contra o favorito ao cargo a apenas
duas semanas das eleições no Senado. "Algo de estranho paira no ar e
alguma orquestração está por detrás disso. O Senado não pode em nenhum
momento se agachar e aceitar uma denúncia inepta, partindo de quem está
partindo".
A ação, que acusa Renan de cometer os crimes de peculato, falsidade
ideológica e uso de documento falso, estava nas mãos de Gurgel há cerca
de dois anos. O procurador nega que haja motivações políticas em
apresentar a peça agora, próximo da eleição. Para deixar a ação ainda
mais suspeita, porém, o documento com a denúncia foi vazado na íntegra
para a revista Época, poucas horas antes da eleição no
Senado. Para Renan Calheiros, a atitude do procurador é "completamente
estranha".
A denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) não chegou a impedir a
eleição do peemedebista à presidência do Senado nesta sexta-feira, mas
foi motivo de grande constrangimento. Antes mesmo de assumir
oficialmente sua candidatura, nesta quinta-feira, o senador teve de se
explicar sobre um caso que estava há dois anos nas mãos do
procurador-geral e foi encaminhado por ele a apenas uma semana da
eleição. Pois, se Renan guarda algum rancor, tem uma boa oportunidade de
dar o troco.
Enquanto novo presidente do Senado, o peemedebista terá a atribuição
de colocar sob apreciação do Senado uma representação contra Gurgel. A
representação foi apresentada pelo senador Fernando Collor (PTB-AL) e
pede a abertura de impeachment contra o procurador-geral no caso do
bicheiro Carlinhos Cachoeira.
O pedido de impeachment foi apresentado no ano passado, durante a CPI
do Cachoeira, e se baseia na recusa do procurador-geral em comparecer
ao Senado para explicar por que não encaminhou a denúncia da organização
criminosa, apesar das provas colhidas pela Polícia Federal nas
operações Vegas e Monte Carlo. Nesta sexta-feira, Collor voltou a fazer duras críticas ao trabalho de Gurgel à frente da Procuradoria Geral da República.
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